Thursday, June 2, 2016

Miopia trabalhista perpétua

Nos dias atuais, o bombardeio de informações é tão maciço, que quase ninguém consegue mais separar o joio do trigo. De todas as direções, recebemos uma quantidade enorme de informações. Na verdade, tudo isso não passa apenas de problemas superficiais, que gasta o tempo e a atenção das pessoas para não se falar de problemas fundamentais. Mais ou menos como um sujeito que tem um câncer e em vez de fazer o tratamento adequado, com quimioterapia ou radioterapia, aplica-se uma pomada no pequeno corte que ele obteve ao tentar abrir uma lata, ignorando o que está matando-o.

Os Estados Unidos não seriam o país que são se não olhassem essa questão de maneira correta. O que moveu e move aquele país é a capacidade de oferecer trabalho aos que lá nasceram e mais a uma horda de trabalhadores vindos de outros lugares, de maneira legal ou não. Mas seria um milagre, essa oferta de empregos? Não, ela se deve simplesmente a uma flexibilidade nas relações trabalhistas. No Brasil, não há um setor sequer que procure abordar o tema, nem direita, nem esquerda, nem a Santa Igreja Católica, ninguém, uma vez que vigora em uma aberração chamada “Direito adquirido”, e quem se atrever a abordar o tema, não se elege nem a líder comunitário.

Esse “Direito adquirido”, se não interpelado de maneira firme, vai nos deixar Ad Eternum na mais completa vida terceiro mundana.

Os milhares de direitos dos trabalhadores são na verdade uma maravilha pra quem está empregado mas são os piores inimigos daqueles que precisam mais, ou seja, os que estão desempregados. Prestem atenção em um pensamento: todos os programas que existem supostamente pra ajudar e proteger os pobres, geram um efeito contrário!

E isso independe se quem os criou tinha ou não uma boa intenção. Porque nesses casos, temos sim os genuinamente bem intencionados, mas temos também os grupos de interesse por trás disso.

Dentre as enormes proteções pra quem está empregado, tome apenas uma como exemplo: o salário mínimo. Nesse caso, os grupos de interesses evidentemente são os sindicatos!! O bem intencionado inocente acredita que se tivermos uma lei que diz que um pobre coitado não pode ganhar menos do que 880 reais por mês, ele, como um ser bondoso e supremo, está protegendo o pobre trabalhador e este terá o mínimo assegurado.

Na verdade, com isso, ele está impedindo que quem não possua habilidade pra ganhar esse salário mínimo, não consiga ganhar nada. Isso é ajudar o pobre? Isso só diz ao empregador que ele não pode empregar uma pessoa que não tenha habilidade pra ganhar 880 reais, por exemplo, pois é contra a lei. O conceito do salário mínimo é altamente preconceituoso e excludente.

Uma secretária, que estudou o segundo grau, ganha 880 reais por mês. O cara que vai ser o jardineiro da sua casa não pode, por lei, ganhar 500 reais por mês. Ele nunca gastou um dia sequer na escola e está disposto, por vontade própria, a ganhar 500 reais por mês trabalhando de jardineiro.

Então esse cara vai ficar desempregado, sendo um ônus pro estado e pra sociedade em geral. Em outras palavras, esses 330 reais a mais que alguém pagaria ao jardineiro seria uma caridade, somente porque alguém decidiu que deveríamos pagar 880 reais a todos.

Mas caridade não pode ser imposta e o salário mínimo só gera mais pobreza e desemprego.

Tomemos como exemplo o caso das empregadas domésticas. Com o enrijecimento das leis que regem essa categoria, milhares de postos de trabalho foram extintos, pra nunca mais voltar. Ah, mas nos países de primeiro mundo também é caro ter uma empregada doméstica. É sim, verdade.

A única diferença é que, em países sérios, onde não há controle na negociação salarial, quase não existem empregadas domésticas fixas, mas aí é porque elas ganham quase o mesmo que o suposto patrão. Diarista é a forma mais comum por lá. Mas isso aconteceu não porque o governo estabeleceu um sistema protecionista dela e sim porque deixou a livre negociação entre dois adultos ocorrer.

O mercado e não o burocrata, decidiu que seria justo pagar 100 dólares por uma diária pra uma pessoa limpar a sua casa enquanto você está no seu trabalho. E se essa pessoa pedir 120 dólares, pois acha que merece, que se esforça muito, cabe a você pensar se quer continuar o serviço com ela ou não. Mas se o vizinho aceitar pagar 120 dólares e ela tiver mais 20 clientes pagando 120 dólares, ela quem não precisará mais de você. Engraçado não é, o que permite a livre negociação?

Assim como o sexo, onde dois adultos consentem em ter uma relação, o trabalho também deveria ser assim. Seria o mesmo que o governo interferir, por lei, como seria as relações sexuais entre os adultos que concordaram em ter aquela relação. Um juiz dizendo, mesmo que vocês dois queiram, minha filha, nós não deixamos, porque você é uma coitada e não sabe o que está fazendo. Mas ela quer, o sujeito quer, o problema é que o governo santo caridoso não permite.

O governo tem que existir pra corrigir as aberrações e não para se intrometer o que funciona pela ordem natural das coisas, como as relações sexuais saudáveis e as relações de trabalho entre uma empresa ou um patrão e seus funcionários.

Se eu ofereço por um serviço 100 reais e o sujeito aceita, o trabalho será feito e nós dois iremos ganhar. Se eu ofereço 100 reais por um serviço e o sujeito aceita mas o governo, mesmo não estando metido na negociação, diz que não, não ganhamos nem eu, nem o sujeito e nem o governo.

É difícil entender isso? Somente a flexibilização das leis trabalhistas será capaz de um dia alçar o Brasil ao posto de um país de primeiro mundo. De resto, é somente discutir a cor, a textura, o tamanho e a velocidade do raio da cilibrina.